terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Futsal evolui. E nós treinadores estamos evoluindo?

A primeira postagem do ano e nesta não poderia deixar de desejar a todos um ótimo 2012 com muita saúde, esta essencial para podermos dar continuidade ou iniciarmos novos projetos de vida e profissional, que Deus abençoe a todos.
Nessa postagem vamos discorrer sobre uma entrevista dada a Rádio Estadão/ESPN, pelo então coordenador esportivo do Núcleo de Alto Rendimento  Grupo Pão de Açucar (NAR-GPA) o Sr.Irineu Lotturco . Entrevista essa de grande valia,pois se trata de um profissional renomado e com conhecimento amplo sobre esporte em um todo. Desta forma ligaremos seus comentários ao nosso esporte: futsal.
A entrevista foi marcada por uma melhor explicação sobre o funcionamento do NAR-GPA e comparações de algumas marcas obtidas por países menores com menos estrutura e o Brasil, principalmente nos esportes Olímpicos. Mas o que me chamou atenção e se encaixa muito bem ao futsal foi o comentário de Lotturco sobre a evolução de treinamentos esportivos e a estagnação ainda existente no Brasil. O mesmo cita que por muitos anos os treinadores brasileiros em todos os esportes se apoiaram no que ele chamou de “experiencialismo e experimentalismo” o que é insuficiente nos dias de hoje.
Explicando suas palavras o mesmo salienta que treinadores se pautavam seus treinos no “experiencialismo”, ou seja, suas experiências passadas, adquiridas ao longo de sua vida esportiva sem levar mais em consideração a evolução da modalidade esportiva. Mas os mesmos só utilizavam esse método porque um dia experimentaram (“experimentalismo”) e acabou dando certo,sendo assim como dizem “em time que está ganhando não se mexe”. Ou seja, estagnações entraram na zona de conforto, não há mudança... não há evolução.
Lotturco salienta que não há espaço mais para esse tipo de profissional e que houve uma diminuição considerável destes atuando, mais ainda há bastante. Cita também que temos grandes pesquisadores no Brasil e temos que correr para aprendermos com esses.
Ligados diretamente ao futsal, temos belos pesquisadores e que acompanham atentamente a evolução do esporte é o caso de Fernando Ferretti, Marquinhos Xavier,Wilton Carlos Santana, João Batista Freire, Pablo Ramon, entre outros.....
Mesmo assim penso que ainda é pouco considerando o tamanho do Brasil, a quantidade de praticantes e a quantidade de treinadores, preparadores físicos existentes em nossa modalidade. Não é desprezível  em nenhuma hipótese a experiência dos profissionais nem seus experimentos, mas é de muita importância conhecimento acadêmico agregado dando suporte para nosso trabalho e evoluindo com o esporte.
Se tornar uma engrenagem perfeita, estudo, prática, experiência, evolução do esporte, treinadores e atletas. O conhecimento tem que ultrapassar o muro das universidades e ser colocado para fora. Temos uma mostra disto no futebol, com os técnicos José Mourinho (Real Madri) e André Villas Boas (Chelsea) ambos são criações da Faculdade de Porto - Portugal e suas experiências.
No Brasil também dá para fazer isto de uma forma harmoniosa com o futsal. Precisará haver uma humildade mútua de quem ensina (treinadores/pesquisadores) e de quem aprende (nova geração de treinadores). Para assim termos uma evolução constante de todos envolvidos no futsal. Assim espero.....

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Complexidade de ser Técnico

Ao senso comum ser técnico de futsal, futebol é um dos melhores empregos existentes, trabalhamos com que gostamos a “paixão nacional” e podemos até trabalhar de bermuda.
Poucos se ligam o quanto é difícil e complexo ser técnico. Temos que ser de tudo um pouco psicólogo, preparador físico, entre outros. Alguns sabem o quanto é difícil gerenciar grupos de pessoas, pois uma coisa é ter um aglomerado de jogadores e outra é ter atletas com objetivo comum, mantendo-os motivados para satisfazer o desejo do clube o qual representam e seus desejos individuais.
Lidamos diariamente com nossa impotência e isso gera frustrações. Trabalhamos com seres humanos e nem sempre o que eles tem para dar é aquilo que necessitamos naquele momento, bem como oscilações na performance do atleta tem que ser atentamente analisada.
A todo o momento lidamos com fatores extras que influenciam diretamente no desempenho do atleta no qual novamente somos impotentes. Podendo citar alguns exemplos como interferência familiar, salários, gestão do clube, uma noite mal dormida, adaptação ao novo, jogador que sente em estar em uma partida de maior importância, ginásio lotado, transmissão pela TV, vários... 
Uma questão importante a ser ressaltada e de responsabilidade do técnico é a montagem da equipe, temos que minimizar as chances de erro para que o trabalho não se torne um fardo durante a temporada. Fato esse que às vezes é desprezado e vão se acumulando jogadores, seus egos, resquícios de uma má formação até perdermos o controle de um grupo não conseguindo chegar ao objetivo final.
Por vezes ouvi de professores com muito mais experiências” que dentro do futebol não há verdade absoluta” e  temos que ter consciência que nós técnicos assim como os atletas somos limitados por isso temos que estar atentos a novas  informações, estudando, se reciclando sempre, pois todo dia há algo novo.
Estas são algumas situações que temos que lidar diariamente e há diversas mais, apesar de tudo amo que faço e ser técnico ainda é minha melhor escolha de vida.

sábado, 30 de julho de 2011

Futsal Globalizado

Moramos em um país de tamanho continental e culturalmente obcecado por jogo de bola com os pés como diz Alcides Scaglia, desta forma é normal ter uma quantidade enorme de jogadores e treinadores espalhados por todo o mundo.
Ficou evidenciado na Copa do Mundo de Futsal em 2008 realizado no Brasil a quantidade de jogadores naturalizados por outros países e defendendo sua nova pátria. Tivemos jogadores na Rússia, Japão, Espanha e principalmente na Itália. Ótimos jogadores que mais do que defender esse país ajudaram muito a desenvolver esse esporte indoor. Não devemos julgar os motivos que levam jogadores e treinadores a tomarem essa decisão, mais também olhar por outra ótica: a demanda de jogadores que temos no Brasil, conseguimos formar mais do que uma seleção; o amadorismo com que ainda é tratado o futsal no Brasil faz com que cada um busque sua independência financeira em locais e países diferentes.
Antes tínhamos apenas a Europa como um mercado com maior visibilidade e vantagens para salonistas brasileiros, mas recentemente vemos novos mercados como Japão onde temos jogadores e treinadores como Mário Tateyama estudioso do futsal e treinador  neste país. O jogador Cabreúva que era uma figura certa nas convocações da seleção brasileira hoje joga no Kuwait com outros salonistas brasileiros.
Mais dentro deste contexto países da América do Sul ficavam muito para traz, com ligas que não tinham nenhum tipo de visibilidade e com seleções mais frágeis, exceto a seleção Paraguaia que teve em 2007 o técnico Fernando Ferreti como seu treinador e atualmente atuando como coordenador técnico. Recentemente temos o jogador Thiago Negri (olhe) pioneiro no futsal colombiano jogando junto ao melhor jogador colombiano da história Jonh Pinilla abrindo as portas para mais jogadores. Temos também a Liga da Venezuela que acaba de contratar o técnico Celso Marques que dirigiu a seleção brasileira de futebol de salão no Mundial realizado na Colômbia em 2011 e mais dois atletas que fizeram parte deste grupo.
Vemos que nós brasileiros além de aumentar nossa hegemonia dentro do futsal com jogadores e treinadores em todas as partes do mundo, estamos auxiliando no desenvolvimento do esporte em muitos países, mesmo que inconscientemente.  Temos essa noção mais clara nas competições e jogos extra-oficial da nossa seleção brasileira.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Selecionando o Ataque

Após ler artigo escrito por Wilton Carlos Santana, nomeado “Antídoto do contra-ataque”, o mesmo escreve sobre  assunto recorrente no jogo de futsal: o contra-ataque e conclui que se há um antídoto, esse seria um  uma seleção maior na formação do ataque.
Observando vários jogos da Liga Futsal, Campeonato Paulista da categoria principal e menor, conclui-se que os padrões adotados pelas equipes tem preocupações em equilíbrio entre ataque e defesa.  O que diferencia os padrões utilizados e sua eficiência são os executantes deste padrão (jogadores). Por característica, os jogadores brasileiros na sua grande maioria não privilegia a manutenção da posse de bola e por diversas vezes fazem escolhas equivocadas, atacando e buscando o gol de qualquer forma, essa ação têm  como reação  contra-ataque que os pegam em desvantagem numérica.
Dentro desta proposta saber atacar de forma mais seletiva com certeza é um antídoto para não sofrer contra-ataques, mais como mudar este comportamento inerente ao jogador brasileiro? Muito complicado,quando menos esperamos sai uma finta, um passe em hora e local inapropriado do jogo. Passamos então a praticar a marcação de contra-ataque, com o objetivo de anular essa ação o que é mais difícil, pois defender com inferioridade numérica requer êxito na indução do adversário para uma situação de dificuldade e contar com a qualidade do adversário na finalização.
 Temos várias opções de jogo, dentre elas jogar apenas no contra-ataque, vemos isso principalmente em equipes com nível técnico inferior ao seu adversário e por vezes tem êxito. Nas finais da competição Paulista nas categorias sub 15 e 17, observamos várias equipes que utilizavam deste artifício, abdicando da posse de bola para montar a defesa e tentar pegar o adversário em desvantagem numérica.
Sendo assim o jogo de futsal, passa a ser de ataque e contra-ataque, penso que mesmo com estratégias elaboradas onde pensamos no equilíbrio das ações, quem decidirá essa situação será o jogador, a tentativa é fazer com que o atleta se torne eficiente e consiga selecionar o ataque. Com atletas que trabalho é comum comparar o jogo de futsal com o basquete. Na tentativa de fazer com que elaborem o ataque e tenham a manutenção da posse de bola, diferencio um do outro, mostrando que no primeiro temos o tempo que quisermos para atacar já no basquete temos um tempo pré- estabelecido pela regra. Desta forma, atacar de forma equilibrada dependerá única e exclusivamente da leitura que o atleta faz do jogo e a situação que se apresenta em sua frente.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Padrão de jogo: qual método a ser implantado em quadra?

Em curso realizado recentemente para treinadores de futebol o hoje treinador do São Paulo Futebol Clube, Paulo C. Carpegiani indagou os alunos com a seguinte pergunta: “O que seria um jogo de futebol?”, o mesmo seguidamente respondeu que “o jogo de futebol é a imposição do jogo ou padrão de jogo sobre seu adversário”.
            A partir deste discurso, o futsal esporte no qual nos atentamos a discursar, a alternância dos padrões de jogo é freqüente devido a dinâmica do jogo, da situação da partida e principalmente pelo seu elenco de atletas.
            Através de conversas com distintos treinadores, alguns que trabalham com suas equipes em competições Estaduais e outros que estão na Liga Nacional a grande maioria pautam seus treinamentos de acordo com o adversário a ser enfrentado na partida seguinte, sendo assim o objetivo a ser alcançado pelos mesmos é um equilíbrio maior na partida e um encaixe ofensivo e defensivo para ter êxito ao final da partida.
            Dentro das mudanças de padrão tático podemos levantar uma questão. A equipe considerada inferior ao adversário é que deve se adequar ao adversário e mudar constantemente sua forma de jogar? Outra questão: ter uma equipe com padrão de jogo bem estruturado e executado, com jogadores inteligentes sabendo variações de jogadas, não é um fator de maior eficiência.  que dificultará a anulação pelo adversário?
            Sendo assim, tenho que a implantação de qualquer padrão de jogo tem ligação inevitável primeiramente ao elenco de atletas. A postura e as ações pensadas para qualquer que seja o jogo dependerá das características e entendimento de todos do grupo. Exemplo mais recente é a postura adotada pela equipe de Marechal Rondon na disputa da Liga Nacional em 2010, onde percebíamos a montagem do elenco feita por Marquinhos Xavier, com atletas muito bem fisicamente e muito equilibrados na marcação, desta forma víamos uma equipe que dentro e fora de casa marcavam pressionando o adversário, esse foi um dos fatores preponderantes para que se tornassem surpresa dentro da competição e chegassem a final da competição.

domingo, 24 de abril de 2011

Uma via de mão única: Futsal para o Futebol

É comum vermos a mídia citar diversos jogadores de futebol que tiveram seu ínicio no futsal, atletas como: Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Nazário, Robinho, Neymar, entre outros.
Mas após uma revisão bibliográfica encontrei um livro que pode nos ajudar a entender esse fenômeno, o autor dessa obra é Daniel Coyle e o mesmo afirma que é diferente o modo que se executa futebol no nosso país do resto do mundo. E a causa desta situação é a influência do futsal.
Segundo Coyle, que para chegar a esta conclusão vem pesquisando e viajando o mundo todo desde dezembro 2006, visitando a locais diversos onde segundo o mesmo nasceram os mais talentosos jogadores. Dentro de sua pesquisa o autor ainda quebra o paradigma que tanto falamos em postagens anteriores: a forma de treinamento. A maneira tecnicista de treinamento que não trás beneficio cognitivo algum.
O tipo defendido pelo autor é o mesmo que já discutimos; através de jogos adaptados, reduzidos, condicionados.
Este tipo de treinamento Coyle chama de “treinamento profundo” que na palavra do autor “ o novo modelo mostra que as fábricas de talento têm êxito não porque as pessoas se esforcem mais, mas porque se esforçam do modo certo...”
Desta forma Coyle ainda ressalta em sua o obra intitulada “O Código do Talento” que o segredo do futebol seria o treinamento profundo advindo de um jogo em particular: “Ou seja, o futebol brasileiro é diferente do futebol do resto do mundo porque o país utiliza um equivalente esportivo ao Link trainer (simulador de voo). O futebol de salão comprime as habilidades futebolísticas essenciais num pequeno espaço, situa os jogadores na zona de treinamento profundo, na qual vão cometendo erros que vão corrigindo, nunca deixando de criar soluções para problemas vivamente percebidos. Jogadores que tocam 600% mais vezes aprendem mais depressa (e sem se dar conta disso) do que aprenderiam na vasta e expansível extensão de um campo gramado. O futsal não apenas é a razão pela qual o futebol brasileiro é extraordinário. Os outros fatores tantas vezes citados – clima, paixão e pobreza – realmente importam. Mas o futebol de salão é a alavanca por meio do qual esses fatores transmitem sua força.”
            Mesmo assim vivenciamos equipes que tem suas particularidades e suas razões nas quais desconhecemos não deixar o atleta jogar futsal e futebol, desta forma o mesmo tem que optar por um ou outro.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Entendendo o jogador de futsal na sua totalidade

Podemos afirmar, após estudos e situações vividas que não estamos formando atletas na sua totalidade, jogadores de corpo inteiro. Até pela nossa formação passamos tempos enfatizando a parte física, técnica e tática de nossos atletas para que os mesmos aumentem o rendimento durante as partidas, e muitas vezes não damos tanta importância em trabalhar um elo desta cadeia que complementa a totalidade do ser humano/atleta a parte “psicológica”.
Como citado acima nossa formação acaba não nos capacitando plenamente a atuar com mais eficiência nesta área, apesar de como técnicos temos de fazer intervenções diárias para tentar ajudar e entender nossos atletas às vezes com sucesso outras não. Hoje em dia seria de grande importância para técnicos e atletas de alto rendimento o acompanhamento de um Psicólogo do Esporte. Mais como atuaria estes profissionais dentro do futsal?  As estratégias utilizadas pelos mesmos visam o desenvolvimento da performance atlética em modalidades individuais e também nos esportes coletivos, como por exemplo:  na redução de ansiedade e estresse,  no autocontrole, na melhora da autoconfiança, na intensificação da concentração, no treinamento de atenção, na motivação, entre outros. Dentro do futsal, além dos exemplos citados, podem trabalhar no desenvolvimento do grupo, na coesão da equipe, na solução de conflitos, na transferência de desempenho dos treinos para as competições.
Ter um Psicólogo do Esporte dentro comissão técnica no futsal ainda é privilégio de alguns. O mesmo nos ajudaria de várias maneiras, por exemplo, traçando o perfil de cada atleta e até que ponto o mesmo aguentaria uma pressão de uma final ou de jogar contra uma equipe de maior expressão, como seria seu comportamento em situações adversas e como lidaria com o sucesso, sendo assim exploraríamos o máximo do nosso atleta. Importante também é que sairíamos do censo comum e passaríamos a entender o nosso atleta na sua totalidade não fazendo assim pré-julgamentos dos atletas. E se houver a necessidade de tomar atitudes mais drásticas como afastamento do atleta do grupo, dispensa, faria isso com mais embasamento. E não com justificativas que ouvimos desde que a” bola é bola”, “esse ai pode mandar embora porque é pipoqueiro”,”esse jogador é burro não consegue pegar a jogada”, podemos tomar tais decisões mais já sabendo da dificuldade destes atletas, até porque seu perfil já foi traçado pelo tal Psicólogo do Esporte.
            Para finalizar sabemos que ainda tudo isso parece utópico, mais temos que caminhar para aumentar o rendimento de nossos atletas até porque há uma inter-relação entre nós treinadores e jogadores, eles precisam de nós para fazer parte do grupo e precisamos do melhor deles para ganhar jogos e competições e nos manter atuante.